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MARI F. POVOA
A
palavra “relacionamento” vem do latim “relatio” que tem sua raiz na
palavra “relatus” na qual é uma forma do verbo “refero” que tem o
seu significado no sentido de trazer alguma coisa de volta, porém com o passar
do tempo o significado da palavra “relação” mudou para a “ligação entre duas
coisas ou pessoas”. Já a palavra abuso, vem do latim “abusos” que quer dizer
“uso excessivo de algo”, como fazer abuso da própria força, transgressões dos
bons costumes, exploração, abuso de autoridade, confiança, direitos e assim por
diante.
Um
relacionamento se torna abusivo quando existe o uso excessivo de controle,
manipulação ou posse, e a vítima não percebe que está envolvida nesse ciclo
devido a romantização do ciúme, no qual sempre vem acompanhado da frase: “Um
pouco de ciúmes é saudável”. O ciúme é um sentimento natural do ser humano, mas
ele pode se tornar patológico e nesse ponto requer a ajuda de um psicólogo.
Existem
três tipos de ciúmes: normal, aquele que faz parte do cuidado, do zelo, é
protetor e não possessivo, não causa desentendimentos ou problemas. Existe o
ciúme exagerado, aqui começa a sair do que é natural e passa a sair do
controle, causa tristeza e desconforto para a pessoa que sente, geralmente é
causado por insegurança, baixa autoestima, depressão ou ansiedade. E por fim
temos o ciúme patológico, é totalmente diferente do ciúme normal ou exagerado,
pois ele causa sofrimento para quem sente e para quem é objeto desse
sentimento. Esse ciúme é causado por situações ou ideias irreais, fantasiosas
ou até mesmo delirante.
Uma
vez entendendo o que de fato é o ciúme, começamos também a entender quando o
relacionamento é abusivo, uma vez que o ciúme é uma das causas do abuso nos
relacionamentos.
Dentro de todo relacionamento abusivo existe um ciclo:
É
sempre o mesmo ciclo, existe um aumento da tensão na relação, geralmente (não
unicamente) parte do ciúme, desconfiança, então vem o ato de violência que pode
ser verbal ou físico e em seguida o arrependimento com frases como: “Me perdoa”
“Isso não vai mais acontecer” “Eu não queria te machucar” .... Então passasse
um período de aparente calma e tudo se repete.
Existem
cinco formas de abuso:
Ø Psicológico:
ameaçar, constranger, humilhar, manipular, proibir de estudar, viajar ou falar
com amigos e parentes. Vigilância constante, chantagear, ridicularizar,
distorcer ou omitir fatos para deixar a vítima em dúvida sobre sua sanidade.
Ø Moral:
acusar de traição, emitir juízos morais sobre a conduta, fazer críticas
mentirosas, expor a vida intima, rebaixar por meio de xingamentos que incidem
sobre a sua índole.
Ø Sexual:
Estupro, obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto, impedir
o uso de métodos contraceptivos ou forçar a mulher a abortar. Limitar ou anular
o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher.
Ø Patrimonial:
Controlar
dinheiro, deixar de pagar pensão, destruir documentos pessoais, privar de bens,
valores ou recursos econômicos, causar danos propositais a objetos da mulher.
Ø Físico:
espancar, tapas, atirar objetos, sacudir e apertar os braços, estrangular ou
sufocar, provocar lesões.
Mas então a pergunta: Como sair de um
relacionamento abusivo?
Muitas vítimas sequer sabem que estão vivendo
um relacionamento assim, por isso a importância de falar sobre o assunto, em
briga de marido e mulher se mete a colher sim! Uma vez que a vítima entendi que
está num relacionamento abusivo ela precisa procurar ajuda, um amigo, um
parente e em casos extremos a Delegacia de Defesa da Mulher de sua cidade ou
mais próxima.
Existe a Lei Maria da Penha na qual tem um
caráter preventivo (previne determinadas violências) e assistencial
(assistência as mulheres que sofrem violência).
Há quem diga que o número de casos aumentou
devido as divulgações de informações, porém podemos afirmar que a o número de
violência e abusos sempre foi alto, a diferença é que hoje existe a internet
que usada de forma benéfica pode contribuir para que as mulheres ou vítimas
desse tipo de violência possam identificar e assim pedir ajuda para sair dessa
situação.
Relacionamentos abusivos são um problema de
ordem social e de saúde pública.
Caso você tenha se identificado com alguma
parte desse texto, saiba que você não está sozinha e pode pedir ajuda por meio
do número 180 ou se estiver na cidade de Arujá a Delegacia de Defesa da
Mulher tem uma parceria com a GCM (Guarda Civil Municipal) através do número 153.
Sua vida importa! Lute por ela!