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Quando tive meu primeiro contato
com a fenomenologia, durante a graduação, foi no mesmo momento em que eu estava
estudando psicanálise e análise do comportamento. Porém, uma coisa me incomodava:
enquanto na psicanálise e na análise do comportamento eu aprendia possíveis causas
para determinados comportamentos, nas aulas
de fenomenologia eu aprendia somente que ela é uma “matéria” que estudava os
fenômenos e os significados de alguns conceitos. Nisso, eu me perguntava: como
eu consigo utilizar isso na prática clínica? A fonte dessa dúvida advinha do
fato de eu não saber algo básico: a fenomenologia não é uma abordagem, é um
método. Além disso, é um método que foca em descrever, não em explicar. Vajamos
um exemplo.
Você está fazendo uma corrida em um parque. Após terminar, você vê uma árvore que seria um lugar ideal para sentar-se e descansar. Já nessa pequena cena podemos ter um olhar fenomenológico. Nesse caso, a árvore, para você, e nessa situação, torna-se algum totalmente singular, isto é, para você a árvore é um local de descanso. O fenômeno oriundo da relação entre você e a árvore é exatamente esse. O sentido do que é uma árvore, nesse caso, vai para além daqueles que aprendemos nas aulas de ciências na escola.
Agora imagine que nesse mesmo parque há algumas crianças brincando de pique-esconde e uma delas vê essa árvore como um lugar ideal para se esconder. Nesse exemplo, o que é uma árvore possui um outro sentido, agora é um local para se esconder. O objeto que ambas as personagens interagem é o mesmo, mas os fenômenos são diferentes. De maneira mais radical: de forma imediata e irrefletida, até mesmo o objeto é diferente, pois os fenômenos são tudo o que podemos ter. Ou seja, não existe árvore para além da relação entre ela a uma existência humana. Mesmo a árvore que estudávamos na escola é uma árvore já dotada de um sentido, nesse caso, sentido teórico, que já é uma postura possível que podemos ter com ela. Assim como ela pode ser um objeto a ser estudado, ela pode ser um lugar para descansar ou um lugar para se esconder.
Assim, a fenomenologia é um método de olhar para os fenômenos e descrevê-los, assim como foram descritos nos exemplos acima. Como disse Merleau-Ponty no prefácio de seu livro Fenomenologia da Percepção, é usar a reflexão para descrever o mundo irrefletido, o mundo imediato. E como vimos, toda experiência que temos, todas as nossas relações com as coisas, todos os fenômenos são singulares e únicos. A fenomenologia é um método que tem como objeto a relação entre a pessoa e seu mundo singular.