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Boa Educação é o Resultado do Trabalho Coletivo

Boa Educação é o Resultado do Trabalho Coletivo

Por Alex Silveira

Gerente

O PAPEL DA FAMÍLIA!

Ao nascer a criança começa sua relação com o mundo, iniciando um processo de interação que permitirá dois fatores: 1º A criança irá perceber que está inserida neste mundo e que o outro, é outro. 2º A consciência que ela irá desenvolver é a consciência dos outros, se não de forma primária, a família, será sua primeira referência, sendo este, o primeiro parâmetro de comportamento de sociabilidade. É em casa que a criança vivenciará e irá começar a perceber sua integração no mundo, uma vez que é em casa, que acessa o outro pela primeira vez e compreende fatores das diferenças e de como são correspondidas suas necessidades.

A criança irá trazer traços daquilo que nela foi modelado, valores, crenças e tudo que a base familiar tem lhe apresentado, permitido ou negado, acalentado ou negligenciado. Ninguém nasce de “um jeito ou de outro”, quando se trata de comportamento, se refere das questões que se pode ser aprendido e modelado, porém, há em cada ser humano a singularidade e que a educação precisará de manejo para ser modelada de acordo com a personalidade de cada um.

EDUCAÇÃO DOS FILHOS

A família precisa assumir o início da construção da história de seus filhos, ensinar a lidar com as emoções, as frustrações e ansiedades, relações afetivas e os pensamentos mal adaptados (pensamentos que que faz sofrer), apresentar a dimensão do mundo e as inúmeras possibilidades de caminho a percorrer. Uma vez montado todo cenário da educação, a criança precisará desenvolver novas competências, que futuramente a escola ajudará nos conhecimentos mais específico. A família precisa escolher uma escola que se aproxime das suas expectativas, desde sua linha pedagógica aos critérios da qualidade educacional, pois assim, será mais próximo das expectativas dos seus ideais de formação.

De forma geral, a família tem a responsabilidade de ajudar a criança a se descobrir na sua singularidade e subjetividade, colaborando para que se torne um indivíduo que consiga interagir e descartar o que não lhe seja útil e absorver tudo o que seja benéfico e de importância para seu crescimento. Os hábitos, são comportamentos rotineiros feitos com frequência, cabe a família o incentivo a arte, o esporte, estudos, leituras para a construção de uma boa adaptação do dia a dia.

Educar dá trabalho e requer tempo, neste sentido, a família precisa querer estar à disposição, participando de forma ativa e com pequenas intervenções a família já estará colaborando no início do protagonismo da história de seus filhos.

O PAPEL DA ESCOLA

A escola tem como papel ensinar os conteúdos das áreas do saber, que permitirá a instrução para o desenvolvimento e conhecimento como requisitos de habilidades específicas, tais como científicos e artísticos. Para tal formação, terá sempre como norteador a convergência do desenvolvimento social, cultural e tecnológico, podendo trabalhar inovações em seus conteúdos de atividades didáticas interdisciplinar ou metodológica do ensino. Neste sentido, o maior desafio da escola é aplicar o plano pedagógico, considerando a diversidade cultural das famílias, na tentativa de equilibrar as demandas, de forma que todos se sintam acolhidos e participativos da formação de seus filhos, considerando, que cada grupo familiar e responsável apresenta demandas próprias.

EDUCAÇÃO VERSUS ENSINO

A boa relação entre a família e a escola, colabora para um bom desempenho acadêmico de cada criança, uma vez que, ao falar de desenvolvimento e educação, obrigatoriamente, necessitará de uma equipe multidisciplinar, para ser explorado a maior parte possível de habilidades de uma pessoa para a vida, partindo desde conhecimentos técnicos-teóricos, como práticos. Que vai desde pintar, manusear objetos, jogar uma bola, aprender a estabelecer rotinas, se alimentar, fazer necessidades fisiológicas, ter convivências e entre tantas outras. Neste sentido, pode ser observado que a criança necessitará de um apoio macro, que somente os pais não conseguirão dar conta e por isso precisa da escola. A escola sozinha também não conseguirá atribuir todas as habilidades, pois cada local terá algumas tarefas específicas, por exemplo:  ensinar a fazer leitura, a escola com ferramentas técnicas pedagógicas irá ajudar a ler, porém com o incentivo da família e rotinas fora da escola, poderá reforçar o comportamento da criança, que ajudará desenvolver cada vez mais o interesse pela leitura. Assim também acontece com as birras. A família precisa fazer a intervenção e a escola nos momentos em que se está em sua responsabilidade, também contribuirá de forma pedagógica, orientando e ajudando a criança lidar com suas emoções. Desse modo, o ideal é que a comunidade estreite os laços, visando cada vez mais a boa educação, como resultado do trabalho coletivo. O que não pode ocorrer, é deixar a responsabilidade da família sobre a escola ou da escola sobre a família.

APRENDIZAGEM

Para que a aprendizagem ocorra de forma satisfatória a criança precisa estar bem em todos aspectos da vida. Uma criança frustrada constantemente, sendo negligenciada, apresentará dificuldade em estudar, e assim também se estiver com dores, fome ou alguma necessidade básica não atendida. A OMS (Organização Mundial da Saúde) define o modelo biopsicossocial, em que a "saúde” é definida como um estado completo de bem-estar físico, mental e social do indivíduo.

No estado físico, se entende que a criança precisa estar em dia com seus exames médicos, com alimentação saudável, atividades físicas e outros fatores que contribuem para a saúde física. No estado mental a criança precisa desenvolver a ludicidade, a brincadeira, o jogo, se sentir pertencente no meio em que convive. Cabe aqui ressaltar sobre a autoestima e como lidar com frustrações e os problemas que se apresentam no cotidiano. E por fim o social, a criança pertencer a um grupo e saber lidar com as diferenças.

DESENVOLVIMENTO HUMANO

Nenhuma criança nasce preconceituosa, isso é um comportamento aprendido, muitas vezes por falas ou ações do próprio seio familiar ou aprendido fora de casa. Lidar com o desenvolvimento requer um processo de intimidade e muita paciência, pois as crianças estão testando comportamentos e muitas vezes se tornam uma afronta. Cabe aos pais e educadores o papel de saber lidar com a criança. É necessário ter em mente que a criança não sabe lidar com as emoções e não é se descontrolando que irá acalma-la, muito pelo contrário, revela suas fraquezas e instabilidades emocionais, mostrando também imaturidade. 

NEUROCIÊNCIA

A neurociência é o ramo que tem como estudo o cérebro, sistema nervoso e suas funcionalidades a partir da interação do processo biológico com a percepção, fica explicito a importância de estar bem nos mais diversos campo da vida. Uma criança em estado de fome, tem baixo rendimento escolar, uma vez que o cérebro é um órgão e consome energias do corpo. Outro fator prejudicial é o consumo de drogas, que altera a percepção de mundo, seja ela como drogas depressoras, estimulantes ou perturbadoras do SNC (Sistema Nervoso Central). São agravantes da aprendizagem fatores de necessidades básicas, como fome, frio, falta de afeto, falta de sono e descanso e outros.

Quando no dia a dia a criança não tem rotina e fica a maior parte do seu tempo em redes sociais ou jogos, há uma tendência de ter baixo desenvolvimento escolar e de outras habilidades, aumentando sedentarismo e dificuldade em lidar com as emoções, principalmente, devido a se relacionar pouco fisicamente com outras pessoas.

Muitas vezes, devido a rotina dos pais serem muito preenchidas e com pouco horário livre, é comum não ter paciência para lidar com as birras ou necessidades exigidas pelas crianças, apresentando comportamentos autoritário e com temperamento agressivo. Para resolver os problemas de comportamento muitas vezes, utiliza de força e agressões físicas, porém, neste caso demonstra mais um descontrole dos pais do que dos filhos. Contudo, como a criança aprende por modelagem, ela tende a reproduzir estes comportamentos com seus colegas na escola.

VITIMISMO

A criança quando não sabe lidar com as emoções, tendem usar comportamentos primitivos, como agressões, autoagressões, choro, gritos, arremessar objetos e outros. Estes comportamentos, precisam ser modelados com bons exemplos, pois, torna a criança vulnerável, seja como uma possível vitima de Bullying ou a criança que pratica a violência, pois neste caso, a criança agressora também é uma possível vítima, de uma família sem tempo de estar com a criança e ajudar a lidar com seus sentimentos e emoções, ajudando a dar um significado no que está sentindo e canalizando a fúria de forma assertiva e funcional socialmente.

EGOCENTRISMO

Tudo que foi relatado até o presente momento nesta nota, foi pensado no bem-estar daqueles que muitas vezes é descrito por um tipo de amor imensurável e que a vida passa a girar em torno deles, que são nossos filhos. Mas o que é o amor? Se não o sacrifício, a caridade e o compromisso. Não se pode referir sobre um amor de conveniência, pois isso não passaria apenas de paixões que nos toma conta, pois o egoísmo no amor, é comparado ao pássaro que foi preso numa gaiola tirando o direito e a possibilidade que se tem de voar. O filho quando nasce, é filho do estado e os pais tem a responsabilidade de cuidar, permitindo que se torne uma pessoa de bem pronta para voar. Na maior parte das vezes, a sensação de desamparo da família por projetar e embutir na criança um desejo frustrado que foi dela, pode sufocar as possibilidades de desenvolvimento, colocando na prisão aquele que nasceu para voar alto.

INTERNET E OS NATIVOS DIGITAIS

A internet é um sistema global de um conjunto de redes interconectadas, que permitem a comunicação de dados de dispositivos do mundo todo. A origem do seu nome vem do inglês Inter (internacional) e net (rede), ou seja, rede internacional.

O uso da internet, não é bom nem ruim, tudo dependerá da finalidade e a dose do uso. Pois, com a internet se consegue falar com pessoas distantes, fazer pesquisas, é um facilitador de estudos escolares, pode ser usada também para entretenimentos, jogos e outros. Porém, o uso excessivo pode gerar vicio, dificultando o indivíduo se relacionar com o mundo fora da internet. Prejudicando em suas condições físicas, psicológicas e sociais. Nas questões físicas, devido muito tempo na internet com postura inadequada, ressecamento e vermelhidão nos olhos, sedentarismo e outros. Além de conteúdos impróprios para a idade, colocando em risco, apresentando perigos como cyberbullying e predadores on-line (pedófilos, psicopatas, golpistas, charlatões, vigaristas, perversos e outros). Em alguns casos, por exemplo, foram a momo, baleia azul e o homem pateta; esses usuários tentavam tirar proveito de informações coagindo as crianças, colocando desafios dos mais diversos, que em alguns casos, ocorreram óbitos e suicídio devido o terror causado.

Cabe aos pais o controle de tempo de uso e o monitoramento dos conteúdos acessado por seus filhos. As crianças precisam ser instruídas ao uso correto da internet, para evitar golpes e muitas vezes acesso de informações privadas e também para não se tornarem adictas (escravo) da rede.  Os pais podem participar de forma ativa, interagindo junto ao seu filho, quanto ao uso da internet, neste sentido a criança aprenderá a tirar o máximo de proveito dos conteúdos, sendo assim a utilização de forma saudável.

 

REFERÊNCIAS

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE | Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (jusbrasil.com.br). Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/legislacao.

PEREIRA, Thaís Thomé Seni Oliveira; BARROS, Monalisa Nascimento dos Santos; AUGUSTO, Maria Cecília Nobrega de Almeida. O cuidado em saúde: o paradigma biopsicossocial e a subjetividade em foco. Mental,  Barbacena ,  v. 9, n. 17, p. 523-536, dez.  2011.   Disponível em . acessos em  26  fev.  2024.

SILVA, C. J. DA.; SERRA, A. M.. Terapias Cognitiva e Cognitivo-Comportamental em dependência química. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 26, p. 33–39, maio 2004.

SOARES, A. B. et al.. Vivências, Habilidades Sociais e Comportamentos Sociais de Universitários. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 34, p. e34311, 2018.

SANTOS, P. L. DOS.; GRAMINHA, S. S. V.. Problemas emocionais e comportamentais associados ao baixo rendimento acadêmico. Estudos de Psicologia (Natal), v. 11, n. 1, p. 101–109, jan. 2006.

MAZER, Sheila Maria; BELLO, Alessandra Cristina Dal; BAZON, Marina Rezende. Dificuldades de aprendizagem: revisão de literatura sobre os fatores de risco associados. Psicol. educ.,  São Paulo ,  n. 28, p. 7-21, jun.  2009.   Disponível em . acessos em  26  fev.  2024.


SOBRE O AUTOR

Alex Silveira

Psicólogo clínico, pós graduado em estratégias de saúde da família, intervenções multisciplinar em drogas, mediação de conflitos, comunicação não violenta, coaching na mediação e conciliação – Especialista em crises existências e transtornos emocionais. Atualmente,  psicólogo clínico e palestrante - Fundador e CEO da empresa Espaço Alex Silveira, consultório de psicologia e nutrição.