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MARI F. POVOA
A
palavra “adoção” vem do latim adoptio.onis,
na qual consiste no acolhimento voluntário de uma pessoa como integrante de uma
família, de uma casa. A adoção não é caridade, mas um ato voluntário de formar
uma família.
Nos
abrigos existem crianças que chegaram até lá nas mais diversas situações:
violência doméstica, abusos sexuais e psicológicos, retiradas de situação de
rua, adicção em drogas ou alcoolismo entre outros motivos. Todas essas crianças
chegam feridas, machucadas não apenas fisicamente, mas psicologicamente. Elas
desejam apenas ter uma família, elas tem o sonho de ser inserida no seio
familiar e serem amadas, mas esse sonho nem sempre é real para as crianças a
partir dos 2 ou 3 anos de idade, consideradas “velhas”, cheias de manias, com
caráter formado, difícil de ser educadas, com lembranças da família biológica,
enfim, são os mais diversos subterfúgios para não adotá-las e com isso elas
crescem nos abrigos, sem uma família, sem um lar, sem um pai ou uma mãe, o
sonho delas, passa a ser uma utopia.
No
dia 10/06/2021 o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento – SNA registrou um
total de 30.075 crianças acolhidas, ou seja, institucionalizadas nos mais
diversos abrigos espalhados pelo Brasil, e o total de 32.812 pretendentes
disponíveis, ou seja, aptos para adotar. Das 30.075 crianças acolhidas apenas
4.280 estão disponíveis para adoção, as demais estão em processo de destituição
ou em processo de reintegração as famílias de origem.
Ora,
analisando os dados do SNA é possível constatar que existe cerca de 7
pretendentes para cada uma das 4.280 crianças que já estão disponíveis para
adoção, mas então porque ainda estão abrigadas?
Simples
responder: o mesmo site do SNA dispõe a resposta, ou seja, dessas crianças
52,9% são pardas, 53,5% são meninos, 9,3% tem alguma deficiência, 15,7%
apresenta algum problema de saúde, 2.180 crianças tem um ou mais irmãos, de 3 a
9 anos tem o total de 967 crianças, de 9 a 15 anos tem o total de 1.644
crianças e acima de 15 anos tem o total de 1.081 crianças, ou seja, são os
perfis que não são escolhidos no momento em que os pretendentes preenchem os
formulários da adoção, pois a maioria quer uma criança recém nascida e tudo bem
ter essa escolha é um direito do pretendente, porém o alerta aqui é para se
repensar, analisar, você quer ter um filho ou uma criança moldada aos seus
desejos?
Enquanto
os pretendentes “sofrem” em longas filas de espera para que seu filho chegue,
ele já pode estar em algum abrigo desse Brasil, apenas esperando você olhar
para ele e o acolher voluntariamente para fazer parte da sua família e
transformar o sonho dessa criança que até então é uma utopia, em realidade.