FB Instagram
Suicídio. Você não está sozinho!

Suicídio. Você não está sozinho!

Por Mari F. Povoa

A palavra suicídio foi criada em 1737 por Desfontaines, do latim moderno suicidium, é formado pelos elementos latinos: sui, indicando a si mesmo e o sufixo -cidium, que representa um assassinato, associado ao verbo caedere, que se refere a matar explicitamente.

            As tentativas de suicídio ou a sua prática envolve uma grande dose de sofrimento, tensão, angústia e desespero. É uma dor na alma que pode ser real ou de natureza afetiva, de uma conturbação mental, como, por exemplo, a psicose no seu grau mais agudo ou de uma depressão com sintomas delirantes e caso tudo isso venha acompanhado de drogas ou álcool a ação é potencializada de forma significativa.

Por diversos motivos falar sobre o suicídio é um tema tabu, pois atentar contra a própria vida deixa as pessoas que ficaram (amigos, familiares), inconformadas, por ser o bem mais precioso que existe. O Cristianismo afirma que não somos donos da nossa própria vida e, portanto, não temos o direito de tirá-la. Houve uma época na história da Igreja Católica que os padres não podiam realizar o ato das exéquias (cerimonia prestada aos mortos) para aqueles que se suicidaram. Hoje em dia, é realizado pois a igreja passou a entender que no último instante a pessoa pode ter se arrependido do ato, mas não teve tempo de voltar atrás e, portanto, é alcançada pela misericórdia divina.

            Do ponto de vista psicológico as pessoas próximas ao suicida tendem a sentir-se culpadas, por não ter percebido, por não ter tido a chance de fazer nada.

            Na série A Million Little Things (Um Milhão de Coisas), mostra um grupo de quatro amigos que de repente são surpreendidos pela notícia da morte, por meio do suicídio de um deles. No decorrer da trama, os três que ficaram e os familiares, se questionam dos motivos que levaram o amigo sempre tão presente, tão cheio de vida, que lutava por todos e fazia com que todos vivessem a vida intensamente, e de repente esse amigo, comete suicídio. Eles vão percebendo que a amizade e o falar poder ser o único meio de salvá-los deles mesmo.

            É exatamente isso que acontece na realidade, dentro de um possível suicida existe “um milhão de coisas” acontecendo e que muitas vezes ele não sabe expressar, não consegue externalizar ou ainda confiar em alguém para falar sobre o que ele está sentindo. Um possível suicida tem dentro de si sentimentos que muitas vezes ele não consegue nomear ou entender e quando tenta conversar com alguém geralmente é incompreendido ou escuta frases como:

Ø  “Isso é frescura”

Ø  “É falta de Deus”

Ø  “É só ocupar a mente que isso passa”

Ø  “Sua vida é perfeita, não tem motivos para estar assim”

Ø  “Quem quer se matar não fica falando”

São frases como essa que leva muitas vezes a pessoa cada vez mais se trancar dentro de si e deixar que os sentimentos que a incomodam tomem conta dela.

Um possível suicida sorri, sai, trabalha, se diverti, aparentemente sua vida flui muito bem, mas precisamos ter um olhar mais empático e observar que o sorriso nem sempre é verdadeiro, que o “sair” custa muito para levantar da cama, que a diversão é passageira e que o trabalhar é apenas uma forma de tentar esconder o que ele não compreende.

Embora seja uma conduta moralmente “inaceitável” é uma realidade principalmente na população entre 15 e 29 anos na qual é a segunda causa de morte e estima-se que cerca de 800 mil pessoas em todo o mundo tiram suas vidas a cada ano.

Quando alguém pensa em suicídio ele quer matar a dor e não a vida, não é drama, não é frescura, não é para chamar a atenção, muito menos falta de Deus. É um ser humano sofrendo por dentro e precisando de ajuda para passar por essa dor, por esse sofrimento.