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MARI F. POVOA
Quando
pensamos em adoção, logo imaginamos uma criança triste, abandonada, cheia de
traumas, medos, inseguranças, incertezas e por outro lado quando alguém adota
essa criança, imaginamos um ser de outro mundo, dotado de sabedoria, paciência,
alguém especial, que fez uma caridade enorme para aquela criança.
Achamos
lindo e elogiamos quando outra pessoa adota, se for um casal famoso então,
formidável, passamos a seguir os passos do casal e achamos lindas as atitudes,
o carinho o jeito e sempre ouvimos dizer: “Essa
criança deu sorte!” Mas será isso mesmo?
Analisando
nosso cotidiano, crescemos ouvindo falar sobre adoção nos mais diversos meios,
como na religião, na mitologia grega, na literatura infantil, séries de TV,
sempre existe alguém retratando e falando sobre adoção, mesmo assim, ainda
pouco sabemos e quando essa palavrinha bate na nossa família as coisas mudam.
Na
religião temos dois casos famosos de adoção: Moisés e o próprio Jesus. Moisés,
é aquele que nasceu num período complicado da história dos hebreus e para
salvar sua vida, sua mãe o coloca numa cestinha dentro de um rio e a filha do
faraó se encanta por aquele bebê e o adota. Ele passa a ter todos os direitos
de um herdeiro do faraó por ter sido criado como membro da corte egípcia. Mais
adiante vemos na história bíblica o próprio Jesus, sendo ele filho de Deus, é
adotado por José, esposo de sua mãe Maria. José precisou passar por um período
de aceitação, depois criou e educou Jesus nos costumes judaicos, ensinou a arte
da carpintaria e tudo o que ele precisava saber para viver nessa terra,
enquanto Jesus era criança, José o protegeu como um verdadeiro filho.
Na
mitologia greco-romana, temos o famoso caso do semideus Hercules, filho de Zeus
com a humana Alcmena, rainha de Tirinto, uma das suas amantes. Hercules foi
criado por Anfitrião e mesmo não sendo seu filho biológico o criou com a melhor
educação e assim Hercules ficou conhecido como o homem mais forte da Grécia e
ganhou fama por sua coragem e bravura.
O
dramaturgo Sófocles (496-406 a.C.) escreveu uma das maiores tragédias gregas e
a mais emblemática da história do teatro na Grécia, baseada no mito de Édipo e
citada pelo filosofo grego Aristóteles em sua obra “Poética”. Édipo era filho de Laio (rei de Tebas) e Jocasta. Ao
consultar um oraculo Laio descobre que será morto pelo seu próprio filho, então
assim que a criança nasce ele pede que um de seus servos abandone o bebê. Mas
ele é encontrado por um pastor e acaba sendo adotado pelo rei de Corinto,
Pólibo. Depois de adulto Édipo decide abandonar Corinto e ir a Tebas consultar
o oraculo, no qual revela sua maldição: matar seu pai e casar com sua mãe. No
caminho a profecia do oraculo se cumpre, ele mata seu pai biológico, se casa
com sua mãe e ao descobrir, ela se enforca e ele fura seus próprios olhos. Essa
história é até hoje muito estudada na psicanálise.
Na
literatura infanto-juvenil, temos o famoso caso do “Super-Homem”, ele foi
abandonado pelos seus pais biológicos a fim de salvá-lo da destruição do seu
planeta Kripton. Enviado a terra, sua nave cai na cidade de Pequenópolis e ele
é adotado pelo casal Martha e Jonathan Kent, no qual o criam com muito carinho
e o ensinam a viver no planeta terra mesmo com seus poderes. Ele vive
socialmente como o Clark Kent, um jornalista tímido e atrapalhado, mas sempre
pronto para combater o crime e a injustiça como o Super-Homem.
Existem
inúmeros casos de adoção na televisão, no cinema, na literatura e porque ainda
achamos que a criança “deu sorte”? Segundo, Lídia Weber: “Adotar é acreditar que a história é mais forte do que a
hereditariedade, que a amor é mais forte que o destino”. Não basta falar de
adoção e ver sobre ela nas telinhas, para adotar precisamos entender que
simplesmente o amor que está em mim não cabe e precisa transbordar para outro
coração, a criança não deu sorte, os pais não são caridosos, precisamos
entender que quando ocorre uma adoção, nasce uma família, onde de um lado temos
uma criança sedenta de amor e do outro lado pais sedentos para dar amor e é
esse amor que irá vencer todas as barreiras do preconceito, dos traumas, dos
medos e incertezas.
Carl
G. Jung diz: “Conheça todas as teorias,
domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma
humana”. Conheça tudo sobre o universo da adoção, conheça as técnicas e o
melhor jeito de educar um filho, mas ao ter esse filho, seja apenas uma alma
humana, tocando outra alma humana.